Brasil × Itália: o que os projetos de biogás e biometano mostram — e o que podemos adaptar ao Brasil
Por: Admin - 27 de Novembro de 2025
Brasil × Itália: o que os projetos de biogás e biometano mostram — e o que podemos adaptar ao Brasil
Na data de 02/11 a 10/11/25, o sócio diretor e engenheiro Ivan C. Tremarin, esteve em missão na Itália, para troca de experiências e conhecer os modelos de negócios daquele país.
O setor de biogás no Brasil cresceu muito nos últimos anos, mas ainda está longe do potencial técnico e econômico total. A Itália, por outro lado, avançou rapidamente em políticas, modelos de projeto e tecnologias de upgrading para transformar biogás em biometano injetável na rede ou combustível para frotas. Para investidores, cooperativas e indústrias brasileiras que buscam transformar resíduos em receita, entender as diferenças práticas entre os dois mercados é essencial — e replicar os acertos italianos pode acelerar retornos e reduzir riscos.
Exemplo de planta para tratamento de resíduos sólidos urbanos – RSU.

Planta de RSU (150 ton.dia) para produção de biometano e injeção na rede de gás, Ferrara, ITA.
Principais diferenças (em resumo):
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Política e incentivos: Itália tem um quadro claro de incentivos ao biometano (decretos nacionais com tarifas e subsídios específicos), apoio do plano de recuperação e instrumentos de mercado (garantias de origem). No Brasil há avanços, associações técnicas ativas e programas estaduais, mas falta ainda um arcabouço federal tão robusto e uniforme.
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Modelo de projeto: na Itália muitos projetos são descentralizados e integrados à agricultura — pequenos e médios digestores em clusters de fazendas que alimentam redes locais ou veículos, além de projetos maiores com injeção na rede. No Brasil predominam plantas industriais (cana, empresas de laticínios, frigoríficos) e iniciativas isoladas; faltam tanto a agregação de substratos quanto modelos replicáveis de “cluster” rural.
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Tecnologia de upgrading: as usinas italianas usam rotineiramente tecnologias de purificação (membranas, PSA, scrubbing por água/solvente), com integração para garantir qualidade para injeção na rede. No Brasil, o upgrading existe, mas em escala menor.
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Mercado e logística: na Itália a política facilita contratos de venda (tarifa-fi e certificados); isso dá previsibilidade ao fluxo de caixa. No Brasil, a comercialização de biometano e o uso em frota/indústria ainda precisam de regras e contratos padronizados em muitas regiões.
Por que isso importa para você?
Porque o modelo certo reduz custo logístico, aumenta receita (venda de biometano, CO₂, fertilizante) e transforma um passivo ambiental (dejetos) em ativo econômico. A experiência italiana mostra que com políticas de incentivo + tecnologia adequada + modelos de agregação, é possível tornar viáveis projetos de pequena e média escala — e escalar depois.
Exemplo de planta em fazenda rural.

Planta com biodigestor CSTR, 300 bovinos para produção de energia elétrica, Milão, ITA.
O que o Brasil deve adotar da Itália — ações práticas imediatas
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Planejar projetos em clusters regionais (agregação de fazendas e indústrias) — reduz transporte, aumenta estabilidade de oferta e viabiliza upgrading.
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Adotar tecnologias de upgrading comprovadas: membranas e PSA para produção de biometano; sistemas de secagem e remoção de H₂S (biofiltro, leitos de ferro ou carvão ativado) antes do motor/injeção. Isso garante qualidade (CH₄>96%) e reduz manutenção.
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Projetar com módulos escaláveis: comece com CHP (geração elétrica/térmica) e deixe espaço para adicionar upgrade (biometano) quando houver mercado ou incentivos.
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Buscar instrumentos de política e financiamento: copiar o modelo italiano de tarifas/apoios e buscar linhas de crédito (BNDES, mecanismos verdes) atreladas à produção de biometano.
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Criar contratos padronizados com compradores locais (indústria, frotas, cooperativas) para dar previsibilidade ao projeto — essencial para financiamento.
Participação na Feira Ecomondo:
A Ecomondo, realizada anualmente em Rimini, Itália, é uma das feiras mais importante da Europa para tecnologias de economia circular, biogás, biometano e gestão de resíduos. Para quem atua no setor, ela é estratégica por vários motivos:
- é um centro de inovação do biogás europeu;
- conecta fabricantes, pesquisadores e investidores;
- mostra tecnologias e modelos de negócio replicáveis no Brasil;
- fortalece empresas que buscam diferenciação técnica;
- abre portas para parcerias internacionais.

Participação na Feira Ecomondo, Rimini, ITA.
O Brasil já tem matéria-prima e players capazes de fazer acontecer — falta consolidar modelos de mercado e adotar tecnologias de upgrade em escala. Empresas, cooperativas e prefeituras que se posicionarem agora em clusters regionais e em tecnologias de purificação (membrana/PSA, secagem, dessulfurização) terão vantagem competitiva.
Quer que a gente faça um diagnóstico regional (mapeamento de fornecedores de substrato e potenciais compradores) e um roadmap técnico econômico para implantação? Fale conosco.