Isolamento e exclusão de agentes degradadores: etapa essencial da recuperação de áreas degradadas

Isolamento e exclusão de agentes degradadores: etapa essencial da recuperação de áreas degradadas

Por: Admin - 24 de Julho de 2025

Isolamento e exclusão de agentes degradadores: etapa essencial da recuperação de áreas degradadas

Seguindo a série sobre áreas degradadas e o processo de recuperação ecológica, a interrupção dos vetores de degradação é considerada uma das ações mais importantes e prioritárias. Antes de qualquer intervenção, seja ela ativa ou passiva, é fundamental criar condições mínimas para que os processos naturais de regeneração possam ocorrer – e isso envolve remover ou bloquear os fatores que continuam causando distúrbios.

O isolamento físico é uma das formas mais diretas e eficazes de impedir a continuidade da degradação. Ele consiste na instalação de barreiras que impedem o acesso de agentes antrópicos ou naturais, como o gado, o fogo ou veículos. O isolamento permite a proteção do solo e da regeneração natural, favorecendo a sucessão ecológica e reduzindo significativamente a mortalidade de mudas plantadas. Os tipos mais comuns de isolamento são:

- Cercas convencionais (arame e estacas): Amplamente utilizadas em áreas rurais e unidades de conservação, são eficazes para exclusão de animais de grande porte, especialmente bovinos. Sua durabilidade varia conforme os materiais utilizados e o tipo de solo.

- Cercas vivas:  aqui frequentemente são utilizadas espécies espinhosas ou de crescimento rápido, gerando barreiras biológicas. Com o passar do tempo elas acabam se integrando ao ecossistema e exigindo menos manutenção a longo prazo. Além da proteção, essas cercas podem fornecer abrigo à fauna e aumentar a heterogeneidade estrutural.

- Cercas temporárias ou de baixo custo: Em projetos comunitários ou com orçamento reduzido, é possível utilizar materiais alternativos como bambu, galhadas ou pallets. Essas estruturas podem ser úteis para áreas pequenas ou durante fases iniciais da restauração.

- Placas de sinalização e estacas com marcação visual: Embora não funcionem como barreiras físicas, têm valor simbólico e educativo, sendo recomendadas principalmente em áreas com fluxo humano, como trilhas, parques urbanos e áreas de uso múltiplo.

 Vale ressaltar que a exclusão de agentes degradadores vai além do isolamento físico. É necessário atuar diretamente sobre os vetores da degradação, como o uso inadequado do solo, a pressão de espécies invasoras, o trânsito desordenado de pessoas ou máquinas e as queimadas recorrentes. Algumas das principais estratégias incluem:

- Reordenamento do uso da propriedade: muitas áreas degradadas estão em Áreas de Preservação Permanente - APPs ou zonas de uso restrito, mas seguem sendo utilizadas para pecuária, agricultura ou tráfego. Redefinir o uso do espaço — com remanejamento de cercas, corredores ecológicos ou bebedouros — pode cessar o impacto sem comprometer a atividade produtiva.

- Educação e conscientização local: A sensibilização de comunidades locais e proprietários rurais é uma das estratégias mais eficientes de médio prazo. Aqui podem ser placas educativas, oficinas e pactos locais de restauração contribuem para a aceitação e proteção das áreas em recuperação.

- Controle de fogo: em muitos locais o fogo descontrolado é um dos principais agentes de degradação (não é o caso na nossa região). Técnicas de manejo integrado do fogo, construção de aceiros e capacitação de brigadas são recomendadas.

- Exclusão ou manejo de espécies invasoras: este tema é complexo devido a heterogeneidade de ações necessárias devido a espécie alvo, mas é importante prever ações para evitar que a sua área em recuperação seja tomada por espécies exóticas invasoras. Vale ressaltar que as espécies exóticas invasoras competem com espécies nativas e alteram o regime de luz e nutrientes, desta forma, devem ser removidas ou controladas antes ou durante o processo de restauração. No caso da uva japonesa (Houvenia dulcis) pode-se adotar o controle manual com arranquio ou corte raso quando se tratar de indivíduos pequenos, ou anelamento quando se tratar de indivíduos de maior porte. O corte raso em indivíduos de maior porte também pode ser adotado desde que tomados alguns cuidados.

Bueno, dito isso, percebemos que interromper os vetores de degradação é um pré-requisito essencial para qualquer processo restaurativo. Sem isso, qualquer técnica ativa ou investimento será ineficaz ou até mesmo frustrado. O isolamento e a exclusão de agentes degradadores não são ações isoladas, mas sim parte de uma estratégia integrada de restauração ecológica, que combina aspectos ecológicos, sociais e econômicos para promover a resiliência da paisagem.

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Até a próxima!

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