Regeneração Natural Assistida como recuperação de áreas degradadas

Regeneração Natural Assistida como recuperação de áreas degradadas

Por: Admin - 21 de Agosto de 2025

Regeneração Natural Assistida como recuperação de áreas degradadas

Nas semanas anteriores, abordamos a questão do terreno, os cuidados e a reconfiguração do espaço quando necessário. Também discutimos a cobertura rápida do solo para evitar erosões e apresentamos a adubação verde. Agora, avançamos para as metodologias biológicas de recomposição da cobertura vegetal, lembrando que nosso foco é restaurar os processos ecológicos e a funcionalidade do ecossistema, muito além de simplesmente inserir mudas.

Na recuperação de áreas degradadas, a recomposição da vegetação pode ser conduzida por diferentes metodologias, variando conforme o grau de degradação, a resiliência do ecossistema e os objetivos do projeto. Entre elas, destaca-se a regeneração natural, que se baseia na capacidade intrínseca do ambiente de se recuperar, aproveitando o banco de sementes do solo, a rebrota de espécies remanescentes e a dispersão natural de propágulos.

Quando combinada com intervenções de manejo e proteção, temos a regeneração natural assistida (RNA) ou condução da regeneração natural, que consiste em remover obstáculos à regeneração e criar condições favoráveis para o retorno gradual da vegetação nativa. Essa metodologia é valorizada pela manutenção da diversidade de espécies, pela preservação do patrimônio genético regional e por seu custo reduzido.

 

Entre as principais práticas da RNA, destacam-se:

- Controle de agentes degradadores: instalação de cercas, isolamento da área e exclusão de fatores como pisoteio por gado, incêndios e invasões humanas.

- Controle de espécies competidoras: supressão de gramíneas exóticas invasoras (como Brachiaria spp.) que dificultam o estabelecimento das nativas.

- Aproveitamento de indivíduos remanescentes: preservação e manejo de árvores isoladas ou fragmentos que funcionam como “núcleos de regeneração”.

- Condução de regenerantes: seleção e manejo de plântulas, brotações ou jovens árvores já presentes, evitando supressão acidental.

 

Segundo a Resolução CONAMA nº 429/2011, menciona que a restauração ecológica de Áreas de Preservação Permanente – APPs deve priorizar, sempre que possível, a recuperação natural de processos ecológicos, considerando a proteção de remanescentes de vegetação e a condução da regeneração natural como estratégias preferenciais. Entretanto, esta mesma Resolução estabelece que a recuperação de APP mediante condução da regeneração natural de espécies nativas, deve observar os seguintes requisitos e procedimentos: a) proteção, quando necessário, das espécies nativas mediante isolamento ou cercamento da área a ser recuperada, em casos especiais e tecnicamente justificados; b) adoção de medidas de controle e erradicação de espécies vegetais exóticas invasoras de modo a não comprometer a área em recuperação; c) adoção de medidas de prevenção, combate e controle do fogo; d) adoção de medidas de controle da erosão, quando necessário; e) prevenção e controle do acesso de animais domésticos ou exóticos; f) adoção de medidas para conservação e atração de animais nativos dispersores de sementes. Por fim, a Resolução também estabelece que para os fins de indução da regeneração natural de espécies nativas também deverá ser considerado o incremento de novas plantas a partir da rebrota.

Apesar de amplamente utilizada, a RNA apresenta pontos que requerem atenção quando da sua implantação. É necessário o monitoramento constante para evitar competição excessiva de espécies invasoras, principalmente se o sítio apresentar gramíneas invasoras. A proteção contra perturbações externas (animais, fogo ou tráfego humano) é imprescindível para o sucesso da técnica. É importante observar também a densidade de regenerantes, evitando excesso ou escassez que prejudique o crescimento. Vale ressaltar também, que nem todas as espécies se regeneram igualmente bem: algumas podem demandar suplementação de mudas ou semeadura direta para acelerar a recomposição.

Vale destacar também que a RNA possui limitações de uso. As áreas extremamente degradadas, com ausência total de sementes no solo ou cobertura vegetal residual, não respondem bem à regeneração natural e podem exigir plantio direto de mudas ou semeadura assistida. Outro ponto importante de mencionar é que em solos compactados, contaminados ou com alto índice de erosão acelerada podem necessitar de intervenções físicas e químicas antes que a RNA seja viável. Ainda, em locais onde se pretende restabelecer espécies muito específicas ou raras, a regeneração natural pode não ser suficiente.

Diversos estudos no Brasil demonstram que a RNA é eficiente quando a área possui algum grau de resiliência ecológica, acelerando a recomposição da vegetação com baixo custo e preservando a diversidade. Ao priorizar esta metodologia, o objetivo é restaurar os processos ecológicos e não apenas introduzir mudas, fortalecendo a funcionalidade e a estabilidade do ecossistema a longo prazo.

Ressaltamos novamente que, ao priorizar a RNA, buscamos restaurar processos ecológicos e não apenas introduzir mudas, fortalecendo o ecossistema em direção à sua funcionalidade e estabilidade a longo prazo.

Acompanhe os próximos textos, pois continuaremos falando sobre as metodologias de revegetação do espaço. Novamente ressaltamos que cada decisão técnica bem embasada aproxima uma área degradada de voltar a gerar vida, serviços ambientais e valor para a sociedade.

 

Até a próxima!

 

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