Por: DuoTeB - 03 de Julho de 2024
Saiba mais sobre Comitiva ao Município de Blumenau
Entre os dias 17 e 18 de dezembro integramos uma comitiva do Vale do Taquari até o Estado vizinho de Santa Catarina. Nossa intenção foi conhecer as estruturas, processos, protocolos, experiências e modo de atuação da Defesa Civil estadual e do município de Blumenau.
A comitiva era composta por inúmeras pessoas, nas mais variadas formações e nos mais diversos cargos e entidades. A DuoTeB esteve presente com nosso engenheiro ambiental Cleberton Bianchini, que possui experiência em recursos hídricos e inundações.
Ainda no domingo à noite, a comitiva foi recebida pelo Cel. César no Centro Integrado de Gerenciamento de Riscos e Desastres do Estado. O centro possui estrutura própria construída específica e projetada para isso. O centro possui mais de 200 técnicos, entre funcionários concursados e terceirizados, com diversas especialidades (hidrólogos, geólogos, meteorologias, entre tantos outros). Todas as ações de Defesa Civil do Estado, passam por este prédio e em momentos de crise diversas instituições são convocadas para estarem atuando em conjunto neste prédio. Contando inclusive, com salas equipadas e prontas para o uso. Além do mais, a Defesa Civil realiza inúmeros treinamentos, contando com diversos cursos on-line e gratuitos em seu site[i]. É investimento pesado, mas que se paga rapidinho quando evita catástrofes com perdas de vidas e danos econômicos severos. É muito mais fácil trabalhar na prevenção do que na reconstrução, sem mencionar que vidas não voltam. Vale destacar aqui que a Defesa Civil Estadual do Rio Grande do Sul precisa evoluir, pois não pode ficar tudo a cargo dos municípios.
No dia seguinte, iniciamos as atividades na cidade de Blumenau. Cedinho nosso engenheiro visitou o Rio Itajaí-Açu para conhecer o famoso pelas inundações. Visitou a ponte de Ferro e conheceu as margens do Rio no Trecho. Observou alguns pontos com processos erosivos instalados e margens com obras de proteção em andamento. Há diversos trechos das margens do Rio bastante danificados em função das últimas inundações. Em seguida, ocorreu reunião na prefeitura com apresentação da Defesa Civil e suas mais variadas ações de proteção da vida. Inclusive, Secretário Carlos Menestrina mencionou que imediatamente após as inundações que ocasionaram degradação da margem do rio, ocorreu a elaboração de estudos e projetos para iniciar a proteção e recuperação da margem próximo a ponte de ferro. As obras encontravam-se em andamento quando nossa comitiva esteve por lá, como podem ser vistas nas imagens abaixo.
Ainda na Secretaria de Defesa Civil, comandada pelo Sec. Carlos Menestrina. Este apresentou a secretaria e todas as atividades e ações realizadas por sua secretaria. A defesa Civil está dividida em três diretorias: operações, geologia e meteorologia. A parte de gestão envolve todos os procedimentos e ações, também em momentos de crise. A diretoria de geologia atua fortemente nos desastres relacionados a riscos geotécnicos, como instabilidades de taludes que é um sério problema do município (maior deles). E a diretoria de meteorologia que é transversal as outras diretorias, mas que também trata especificamente da área de inundações. Ao longo dos anos e das diversas ações contínuas, a Defesa Civil foi ganhando enorme credibilidade da população do município.
Iniciamos a tarde visitando o Dique Fortaleza[ii] para conhecer esta solução adotada para resolver inundações ou represamento das águas do Ribeirão Fortaleza. Este dique represa a água do ribeirão até o nível de 12 metros do Rio Itajaí-Açu. Após este nível o dique não tem mais utilidade, visto que nivela com as águas do Rio Itajaí-Açu. Novamente enfatizado pelo Secretário Menestrina, este dique foi projetado e construído há muitos anos após uma série de estudos entregues pelo projeto JICA, parceria com o governo Japonês. Trata-se de uma obra cara, mas que cumpre seu papel.
Por fim, visitamos o sistema de monitoramento de nível do Rio Itajaí-Açu. Na ponte Adolfo Konder tem um sensor automático e na margem uma régua linimétrica. Ou seja, são sistemas sobrepostos para não perder medição do nível.
Como aprendizado da visita, cito alguns pontos sobre a viagem e a forma como a Defesa Civil de Santa Catarina atua, fatos que nos impressionaram devido a seriedade e comprometimento:
- Ter uma comitiva buscando solução para um problema que nos assola por muitos anos é um ponto positivo. Canalizar e direcionar energias de diversos atores para a solução deste problema é fundamental para termos mais resiliência. Vale mencionar também, que é importante que nossas lideranças deixem o ego político de lado e trabalhem para avançarmos na solução;
- Senti uma tremenda vergonha a cada vez que nos apresentavam as soluções que foram adotadas. São soluções que já foram ventiladas por inúmeras instituições (inclusive nós já publicamos uma nota[iii] em setembro com orientações sobre o que deveria ser feito). Ou seja, não precisamos “inventar a roda”. O que precisamos é organização, planejamento e comprometimento para fazer as coisas. Na vida, “há remédios ruins que precisam ser tomados” e a situação das inundações é assim. Precisamos encarrar este problema e arregaçar as mangas;
- A fiscalização tem que acontecer, o Cel Menestrina foi enfático dizendo que se trabalha em várias instâncias, inclusive na fiscalização forte e altamente atuante. Isso previne inúmeros problemas e salva vidas;
- Complementar as outras ações, Blumenau desenvolve o programa Defesa civil na escola desde 2013. Até este ano, foram quase 8 mil alunos atendidos de forma contínuo ao longo destes 10 anos de atuação[iv]. Ações de sensibilização sobre defesa civil, riscos e formas de proteção e prevenção à vida são primordiais para garantir a segurança das pessoas;
- Seriedade e qualificação de toda a equipe da prefeitura quando o assunto é Defesa Civil. Todas as ações são baseadas em dados técnicos. Há protocolos e planos bem definidos. Há planejamento e busca incansável por melhorias. Entenderam que isso salva vidas e que reduz drasticamente os prejuízos financeiros, psicológicos e ambientais;
- Corpo técnico qualificado e majoritariamente compostos por funcionários de carreira, evitando politizar. São 44 funcionários na Secretaria de Defesa Civil, sendo que destes, 32 são concursados e praticamente todos são técnicos das áreas correlatas;
- Comunicação eficaz e sobreposta para garantir que todos saibam o que está por vir. Cito o exemplo em que foi usado carro de som para comunicar as pessoas. A comunicação é feita através de SMS, aplicativo AlertaBlu[v], redes sociais, rádios e quando necessário com carro de som;
- Possuem mapeamentos para Inundações [vi] e para riscos geotécnicos[vii] que qualquer pessoa tem acesso para conferência. Além do mais, possuem protocolos internos que projetos somente são aprovados após passar pela análise dos técnicos da Defesa Civil. Garantido seriedade no processo de aprovação de projetos construtivos. Com o passar dos anos, a tendência é ter uma cidade cada vez mais segura para seus habitantes.
Com a visita, percebemos que são tantas coisas que precisamos melhorar e implantar nas nossas cidades. No entanto, também podemos perceber são ações realistas e que podem ser executadas na nossa região. O que precisamos fazer sem mais delongas, é parar de tratar as questões no “achismo”. Precisamos urgentemente qualificar e colocar energias nas defesas Civil de nossos municípios. Precisamos também, atuar em conjunto pois as inundações ocorrem num rio que não respeita fronteiras administrativas.
Foi uma viagem proveitosa e reiteramos o agradecimento público ao Município de Encantado que permitiu que estivéssemos junto nessa jornada.
Reiteramos o que já deixamos claro, como técnicos e cidadãos que somos, o quadro técnico da DuoTeB Engenharia está a disposição para contribuir para melhorar nossa região.
Precisamos urgentemente avançar nestas questões.
Forte abraço